O endividamento das famílias brasileiras aumentou em dezembro, interrompendo uma sequência de 3 quedas seguidas, mas a inadimplência encerrou o ano em queda, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
O percentual de famílias que relataram ter dívidas alcançou 66,3% em dezembro, contra 66% em novembro. No comparativo anual, o indicador registrou aumento de 0,7 ponto percentual.
Apesar da alta do endividamento, a CNC destacou que o percentual ficou “abaixo da média do endividamento em 2020 (66,5% do total de famílias)”.
O indicador considera dívidas os compromissos assumidos com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.
“É importante não somente seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para mitigar o risco da inadimplência no sistema financeiro”, afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
A Peic é uma pesquisa sobre hábitos e tendências no uso do crédito. Por isso, altas no endividamento não são necessariamente ruins, já que, quando ocorrem de forma sustentável, ciclos de aumento do crédito impulsionam o consumo e puxam a atividade econômica. Além disso, a Peic investiga todos os tipos de dívida, não apenas aquelas com os bancos.
Inadimplência registra 4ª queda seguida
Já o total de famílias com dívidas ou contas em atraso apresentou a quarta redução consecutiva, caindo de 25,7%, em novembro, para 25,2%, em dezembro. Em comparação com igual mês de 2019, porém, o percentual cresceu 0,7 ponto percentual.
A parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permanecerão inadimplentes teve nova retração, passando de 11,5% para 11,2%. Em dezembro de 2019, o indicador havia alcançado 10%.
Segundo a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, com o fim do auxílio emergencial em janeiro as famílias de menor renda precisam adotar maior rigor na organização dos orçamentos domésticos.
Principais dívidas
A proporção de brasileiros que utilizam o cartão de crédito voltou a crescer em dezembro, alcançando 79,4% das famílias. É a maior taxa desde janeiro de 2020, segundo a CNC, o que mantém o cartão como a principal modalidade de endividamento. Na sequência, aparecem os carnês (16,5%), financiamento de veículos (10,2%) e financiamento de casa (9,3%).
Além do cartão de crédito, o cheque especial também aumentou a sua participação entre as famílias endividadas, informou a CNC.
“Ambas são modalidades associadas ao consumo imediato e de curto e médio prazos”, diz a nota da CNC.
A pesquisa mostra também que:
- proporção das famílias que se declararam muito endividadas caiu para 14%, enquanto a fatia das que se reportam pouco endividadas aumentou para 28,2% em dezembro
- parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou 30,2%
- entre endividados, 21,9% afirmaram ter mais da metade da renda mensal comprometida com esses compromissos
- tempo médio de atraso na quitação das dívidas aumentou para 63,6 dias em dezembro