A taxa básica de juros do país é o principal instrumento utilizado pelo BC para controlar a inflação. Além disso, a Selic é uma taxa de referência que ajuda a determinar os demais juros do país, como taxas de empréstimos e de aplicações financeiras.
Quando os juros de um país sobem, o custo de dívida das empresas e dos cidadãos também aumenta. Isso encarece os investimentos por parte das companhias e reduz o consumo das famílias. É um controle dos preços por meio da desaceleração da economia.
No mercado financeiro, uma Selic mais alta significa aumento da rentabilidade da renda fixa. Os títulos do Tesouro, por exemplo, fazem parte da dívida pública, o que gera piora das contas do governo. Há também uma maior atratividade para CDBs, LCIs e outras aplicações do tipo, já que a Selic serve de referência para os títulos privados.
Como isso deve ser sentido pelos consumidores?
Segundo especialistas, o principal impacto a ser sentido pelos consumidores deve ser no encarecimento do crédito.
“Com a Selic maior, os bancos vão emprestar dinheiro por uma taxa um pouco mais alta. Outro ponto é que as prestações do crediário, da compra de imóveis novos e de bens duráveis, por exemplo, também devem ficar mais caras”, explicou o professor de finanças da Faculdade Fipecafi Rogério Paulucci Mauad.
Além disso, os especialistas também sinalizam um possível aumento da inadimplência.
Isso porque esse encarecimento do crédito a partir da elevação da Selic acontece em um cenário de juros já altos e de um endividamento já elevado no país. Segundo o BC, o endividamento total das famílias ficou em 47,6% em junho de 2024.
De um lado, a nova alta da Selic contribui para segurar o mercado de crédito, impedindo que famílias peguem crédito em um momento de juros altos e ajudando a controlar o consumo e a inflação. Mas, de outro, aqueles consumidores que já estão endividados podem ter dificuldade em honrar seus compromissos, que vão ficar ainda mais caros.