As retiradas nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 86,12 bilhões de janeiro a setembro deste ano, informou nesta sexta-feira (6) o Banco Central.
Apesar de alta, a evasão de recursos da poupança teve queda na comparação com mesmo período do ano passado – quando R$ 91,07 bilhões deixaram a modalidade de investimentos. A série histórica do BC para esse indicador tem início em 1995.
De acordo com a instituição, no acumulado do ano:
- os depósitos somaram R$ 2,81 trilhões.
- as retiradas totalizaram R$ 2,9 trilhões.
Somente no mês de setembro, o BC informou que os saques da poupança (acima do volume de depósitos) somaram R$ 5,83 bilhões. Com isso, foi registrada queda frente ao mesmo mês do ano passado, quando houve a entrada de R$ 5,9 bilhões.
Com a saída de recursos da poupança no mês passado, o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado, registrou queda para R$ 968,3 bilhões em setembro. Em agosto, o volume total somou R$ 969,12 bilhões.
Cenário da economia
A retirada de recursos da caderneta de poupança acontece em um cenário de juros ainda relativamente altos, apesar de duas quedas seguidas na Selic, para 12,75% ao ano.
Mesmo tendo deixado a liderança no ranking de juros reais (calculados após o abatimento da inflação estimada para os doze meses seguintes), a taxa brasileira é a segunda maior do mundo.
Indicadores também mostram que o endividamento da população segue elevado. Segundo o BC, ele somou 47,8% da renda acumulada nos doze meses até julho deste ano.
Ao mesmo tempo, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito ficou estável em 3,6% em agosto de 2023. É o maior patamar desde agosto de 2017, quando somou 3,7%. A série do BC para esse indicador começa em março de 2011.
- O governo federal lançou em julho o programa “Desenrola”, para renegociar dívidas da população.
- Em dez semanas, os bancos renegociaram R$ 14,3 bilhões em 2 milhões contratos de dívida.
Rentabilidade
Em 2022, a poupança teve o primeiro ano de rendimento real desde 2018, após três anos de ganhos abaixo da inflação oficial do país.
No ano passado, a aplicação financeira mais popular do país registrou rentabilidade de 2%, já descontado o aumento de preços pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Apesar do ganho real, a aplicação segue com rendimento limitado. Quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).
De acordo com analistas ouvidos pelo g1, o retorno da poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa. Eles apontaram que investimentos no Tesouro Direto, em CDBs e também CDIs têm registrado melhor desempenho.