Após fortes altas entre janeiro e fevereiro, os preços dos ovos no mercado atacadista começam a dar sinais de arrefecimento neste início de abril, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Para o consumidor, porém, a queda deve aparecer só depois da Páscoa.
Os motivos apontados para a alta do preço do ovo foram as ondas de calor no início do ano, que afetam a produtividade das aves, além do aumento do valor do milho – 30% nos últimos meses. A sazonalidade do período também é destacada, já que durante a Quaresma, muitas pessoas substituem o consumo de carne por proteínas como ovos e peixes. O crescimento da exportação foi apontado pelo IBGE na divulgação da inflação de fevereiro, mas a associação de produtores e o Cepea negam.
A pesquisadora Claudia Scarpelin, do Cepea, explica que não são esperadas novas altas significativas nos preços dos ovos no curto prazo, como as verificadas no início do ano. Ela destaca que, entre março e a parcial deste mês (até o dia 9), houve recuo nas cotações nas principais praças monitoradas pelo centro de estudos.
Na região produtora de Bastos (SP), os ovos brancos tipo extra, negociados na modalidade a retirar (FOB) na granja, registraram média de R$ 192,90 por caixa com 30 dúzias até 9 de abril — queda de 5% em relação a março. No caso dos ovos vermelhos, comercializados na mesma praça, a média ficou em R$ 220,18 por caixa, uma redução de 4,9% na comparação com o mês anterior.
O comportamento dos preços nos próximos meses, no entanto, explica, vai depender do equilíbrio entre a oferta interna e a demanda pela proteína.
— Após a Quaresma, é comum que o consumo se estabilize. Caso a oferta se ajuste à demanda, os preços tendem a se manter estáveis ou até recuar de forma mais acentuada — diz.
Segundo Fábio Romão, da LCA Consultores, o preço do ovo deve subir menos no IPCA de março, que será divulgado nesta sexta-feira. Em fevereiro, a alta foi de 15,39%.