O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,72% em julho, pressionado pelas contas de energia elétrica, apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O indicador desacelerou em 0,11 ponto percentual (p.p.) na passagem de junho para julho – no mês anterior, a taxa ficou em 0,83%. Todavia, trata-se da taxa mais alta para um mês de julho desde 2004, quando ficou em 0,93%.
No ano, o índice acumula alta de 4,88% e, em 12 meses, de 8,59%, acima dos 8,13% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e muito superior ao teto da meta estabelecida pelo governo para a inflação deste ano, que é de 5,25%.
De acordo com o IBGE, a energia elétrica, que teve alta de 4,79% no mês, foi o maior impacto individual, de 0,21 p.p., sobre o IPCA-15 de julho. Em junho, quando entrou em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, no contexto da crise hídrica, a alta foi de 3,85%.
A alta da energia elétrica ocorreu diante do reajuste de 52% na tarifa da bandeira tarifária em vigor, que passou de R$ 6,243 para R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos. Também houve impacto dos reajustes nas contas de luz aplicados em São Paulo e Curitiba.
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados pelo IBGE entre 14 de maio e 14 de junho e comparados com aqueles vigentes de 14 de junho a 13 de julho de 2021. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos.
Meta de inflação e perspectivas
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que agora está em 4,25% ao ano.
A projeção do mercado fica cada vez mais acima do teto da meta de inflação para o ano. Os economistas das instituições financeiras elevaram de 6,11% para 6,31% a estimativa de inflação em 2021, segundo pesquisa Focus divulgada na segunda-feira (19) pelo Banco Central.
Se confirmado o resultado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, terá de redigir uma carta aberta explicando os motivos para o descumprimento da meta.
Para 2022, o mercado financeiro manteve em 3,75% a estimativa de inflação. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se oscilar de 2% a 5%.
O mercado também elevou de 6,63% para 6,75% ao ano a previsão para a Selic no fim do ano, o que pressupõe que haverá novas altas nos próximos meses. Para o fim de 2022, os economistas prevêm a Selic em 7,00% ao ano.
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