A agência de classificação de risco S&P Global Ratings alterou a perspectiva de rating (nota de crédito) do Brasil de estável para positiva nesta quarta-feira (14). A classificação positiva para o país não acontecia desde 2019.
A empresa também reafirmou o rating de crédito soberano, que reflete a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros, em “BB-” — nota que o país tem desde 2020.
Essa classificação ainda indica um “grau especulativo” — o que, segundo a agência, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.
Apesar da melhora na perspectiva pela S&P, Brasil ainda não ganhou o selo de bom pagador de nenhuma das principais agências de classificação de risco do país. — Foto: Arte g1
O movimento reflete sinais de maior certeza sobre a estabilidade das políticas fiscal e monetária, que podem acabar beneficiando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Integrantes do governo comemoraram a alteração feita pela S&P. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, publicou a decisão em seu Instagram nesta quarta-feira (14). No Twitter, o ministro afirmou que a economia do país “já demonstra uma capacidade grande de apresentar resultados positivos”.
De acordo com a S&P, apesar de o Brasil ainda registrar grandes déficits fiscais, o avanço da atividade e um caminho mais claro para a política fiscal podem resultar em um ônus da dívida do governo “menor do que o inicialmente esperado.”
“Isso poderia dar suporte à flexibilização monetária e à posição externa líquida do Brasil”, afirmou a empresa em comunicado.
“Tais evoluções reforçariam nossa visão sobre a resiliência da estrutura institucional do Brasil, com uma formulação de políticas estável e equilibrada entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do governo”, acrescentou.
A agência reforça, no entanto, que caso as políticas fiscal e monetária sejam implementadas de forma inadequada e resultem em um crescimento econômico limitado e uma deterioração fiscal maior do que o esperado, essa perspectiva pode ser novamente rebaixada para “estável” nos próximos dois anos.
“A deterioração na sinalização de política também pode afetar os fluxos de investimento estrangeiro direto (IED) e, assim, enfraquecer a posição externa líquida do Brasil”, disse a S&P.
Já no cenário positivo, se o governo conseguir implementar políticas econômicas “pragmáticas” e que sejam capazes de conter as vulnerabilidades nas finanças públicas do país, indicando um crescimento maior do PIB, a companhia afirma que pode elevar o rating brasileiro novamente nos próximos dois anos.
“A chave para isso seria a aprovação de reformas adicionais — entre elas, a reforma tributária atualmente em debate”, acrescentou.
O que essa mudança significa?
A elevação da perspectiva do Brasil de estável para positiva indica um cenário mais otimista para o país no médio prazo — e pode, eventualmente, se traduzir em novas elevações da nota de crédito.
Essa nota de crédito reflete a solidez e a saúde das finanças do Brasil, indicando sua capacidade em honrar com seus compromissos financeiros ao longo do tempo. Quanto maior é essa classificação, mais confiável o país é.
Na prática, a mudança da perspectiva muda pouca coisa para o Brasil de imediato — os efeitos maiores devem vir de forma mais clara quando (e se) essa alteração se refletir em uma nota de crédito melhor.
Isso porque quanto maior é a nota de um país, mais os investidores (principalmente estrangeiros) tendem a alocar recursos em sua economia, promovendo um maior crescimento da atividade.