Três entre cada dez motoristas paranaenses possuem na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) alguma restrição por conta de problemas de visão, sendo obrigados a dirigir com óculos ou utilizando lentes de contato, por exemplo.
É o que revela um levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o qual mostra também que o número de condutores com restrições na CNH ‘explodiu’ na última década. Um cenário que reflete questões como o envelhecimento da população e a exposição prolongada às telas de celulares e computadores, entre outros fatores.
De acordo com o estudo do CBO, feito com base em informações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), em 2014 o Paraná somava um contingente de 4.514.050 motoristas, sendo que 1.030.342 desses condutores (o equivalente a 22,8% do total) possuíam alguma restrição. Isso significa que eles eram obrigados a conduzir usando óculos ou lentes de grau, possuíam restrição para dirigir após o pôr do sul ou tinham visão monocular (visão igual ou inferior a 20% em um dos olhos).
Dez anos depois, em 2024, o número de condutores no estado já se aproximava dos seis milhões (5.976.192, mais precisamente). Por outro lado, os motoristas com restrição na CNH em decorrência de problemas de visão já somavam quase 1,8 milhão (1.769.309), o equivalente a 29,6% do total.
Ou seja, entre 2014 e 2024 o número de motoristas habilitados no estado cresceu 32%. Por outro lado, o número de condutores com alguma restrição na CNH por conta de problemas visuais teve avanço de 72% no mesmo período.
O Paraná em relação ao restante do país
Em todo o país, conforme o CBO, há um total de 83.550.505 motoristas, dos quais 25.487.344 (31% do total) possuem anotações relativas a restrições visuais na CNH. Entre 2014 e 2024, inclusive, houve um aumento de 77% no contingente de condutores com algum problema visual anotado na carteira (o que significa, também, que o Paraná teve um avanço abaixo da média brasileira).
As unidades federativas com as maiores proporções de condutores com restrições visuais são Rio Grande do Norte (42%) e Paraíba (38%). As menores, por outro lado, foram anotadas no Acre (20%), no Tocantins e em Rondônia (ambos com 22%). Já o Paraná, com 30%, fica em 16º lugar no ranking nacional (abaixo da média nacional, inclusive).
Em número absoluto, no entanto, o estado é o que concentra o terceiro maior número de condutores com restrição visual. São 1.769.309 motoristas paranaenses com problema de vista, número inferior apenas ao registrado em São Paulo (8.276.485), Rio de Janeiro (2.131.723) e Minas Gerais (2.424.617).
Os motivos para o crescimento e as restrições mais comuns entre motoristas paranaenses
Na avaliação do CBO, diversos fatores contribuem para a crescente demanda por cuidados oculares para os motoristas. O envelhecimento da população; a exposição prolongada às telas de celulares e computadores; o aumento da incidência de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, estresse); e os maus hábitos de vida (alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade) contribuem para o surgimento de problemas de saúde relacionados à visão. Esses elementos enfatizam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de doenças oculares.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia também analisou os tipos de anotações relacionadas à visão presentes nas CNHs dos motoristas paranaenses. Entre as mais frequentes, destaca-se a obrigatoriedade do uso de lentes corretivas, com cerca de 1,74 milhão de motoristas. Em seguida vem os condutores impedidos de dirigir após o pôr-do-sol (17,5 mil) e as restrições associadas à visão monocular (com 9,5 mil casos).
Como funciona a inclusão de anotações na CNH
O pedido de inclusão de anotações na CNH é feito pelo médico ao final da avaliação prévia exigida para a concessão ou renovação da CNH. No exame, o especialista analisa as condições do candidato de conduzir um veículo, sem oferecer perigo para outros motoristas, passageiros e pedestres.
Entre outras aptidões físicas, são analisadas:
- a acuidade visual;
- o campo de visão;
- a capacidade do candidato de enxergar à noite e reagir prontamente – com resposta rápida e segura – ao ofuscamento provocado pelos faróis dos demais veículos;
- e a capacidade de reconhecer as luzes e sua posição dos semáforos.
Ao identificar a existência ou sintoma de deficiência de visão, o médico orienta a busca por uma avaliação especializada, que deve ser feita por oftalmologista. Tudo com o intuito de que seja feito o diagnóstico exato do problema e a respectiva prescrição do tratamento.