Levantamento feito pela Abraciclo, associação que reúne fabricantes de motocicletas no país, revela que, em dez anos, o número de motos vendidas a mulheres saltou 78,4% no Paraná.
A pesquisa indica que, em 2022, foram cerca de 703 mil motocicletas comercializadas ao público feminino no estado, contra 400 mil em 2012.
Entre as compradoras está a enfermeira Viviane Gomes de Souza, de 44 anos. Ela trabalha em dois hospitais de Curitiba e decidiu trocar o carro pela motocicleta pensando na economia e na praticidade no deslocamento.
“Meu dia é muito corrido e preciso me deslocar rapidamente nos lugares para dar tempo. É da casa para o trabalho, do trabalho para a faculdade e de lá para casa”, disse.
Conforme a associação, o preço da moto subiu 11% no ano passado, mas a alta não afugentou os clientes. Somente em 2022, 54.814 motos foram vendidas e 51.064 no ano anterior.
Paixão por moto
Viviane contou que o amor por motos surgiu quando pegou carona com uma amiga, mesmo tendo demonstrado medo em andar sobre duas rodas.
Os anos passaram e, desde que comprou a primeira moto em 2019, encontrou motivos para ir trocando por novos lançamentos. A última aquisição foi por uma motocicleta deste ano.
“Tenho receio, mas sou uma mulher de atitude. Eu meto a cara e encaro”, falou.
A curitibana diz que roda cerca de 100 quilômetros por dia e não cogita deixar de lado a motocicleta. O veículo, segundo ela, otimiza muito os deslocamentos.
Hoje, depois de perceber os benefícios do veículo, pensa que poderia ter trocado o carro pela moto muito antes. “Fiquei encantada”, confessa.
Conquista de espaço
As mulheres vêm ganhando cada vez mais espaço no mundo das motos. Viviane diz se sentir respeitada quando está no trânsito.
“A conquista de espaço é muito interessante. A gente se sente bem mais respeitada. Quando eu paro no sinaleiro, dá para ver que têm muitos homens, mas a mulherada também se destaca”, diz.
Perfil das compradoras
Leise Danielli Grings Braga é gerente de uma concessionária de motos de Curitiba e explica que o perfil predominante das compradoras é de mulheres que precisam otimizar tempo na hora do deslocamento.
“Trabalhando, estudando, inclusive para levar e buscar os filhos na escola. É para o dia a dia e, claro, para o lazer”, explicou.
Conforme a gerente, as consumidoras geralmente buscam veículos com melhor custo benefício e que não tenham despesa alta com a manutenção.
“Com um carro popular gastaria bem mais, até mesmo com transporte público com as passagens altas”, diz.
Em dois anos, o número de vendas cresceu 23% na concessionária onde Leise trabalha. Do total, 45% são para mulheres.