Sob pressão inflacionária, as vendas do comércio varejista caíram 1,3% em setembro, na comparação com agosto, na segunda retração mensal consecutiva, fechando o 3º trimestre no vermelho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Na comparação com setembro do ano passado, a queda foi de 5,5% – também a segunda seguida.
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O setor fechou o 3º trimestre com queda de 0,4% na comparação com os 3 meses anteriores, após ter registrado crescimento de 2,5% no 2º trimestre.
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Volume de vendas do comércio varejista tem queda pelo 2º mês consecutivo — Foto: Economia/g1
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Com o resultado de setembro, o patamar do setor retrocedeu, voltando a ficar 0,4% abaixo do nível pré-pandemia.
“Depois da grande queda de abril do ano passado, início da pandemia, veio uma recuperação muito rápida que levou ao patamar recorde de outubro e novembro de 2020. Depois tivemos um primeiro rebatimento com uma nova queda forte em dezembro e dois meses variando muito próximo do mesmo nível pré-pandemia, até março, mês a partir do qual houve nova trajetória de recuperação. Desde fevereiro de 2020, o setor vive muita volatilidade”, disse o gerente da PMC, Cristiano Santos.
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O IBGE também revisou o resultado de agosto para uma queda de 4,3%, tombo mais intenso que o recuo de 3,1% da leitura inicial.
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O resultado veio pior que o esperado. Pesquisa da Reuters apontou que as expectativas eram de recuos de 0,6% na comparação mensal e de 4,25% sobre um ano antes.
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Perda de fôlego
No ano, setor ainda acumula crescimento de 3,8%. Em 12 meses até setembro, alta desacelerou para 3,9%, contra 5% nos 12 meses imediatamente anteriores, evidenciando a perda de fôlego da economia.
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Indicador acumulado em 12 meses indica maior perda de ritmo do setor varejista — Foto: Economia/g1
Na comparação com o 3º trimestre do ano passado, houve queda de -1,3%, depois de avanço de 14,8% no 2º trimestre.
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No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 1,1% em setembro. O acumulado no ano ficou em 8% e o acumulado em 12 meses, em 7%.
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O IBGE apontou, ainda, que dentre os dez segmentos varejista (incluindo o ampliado), apenas três apresentaram, em setembro, nível de vendas superior ao que era observado em fevereiro de 2020.
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Maioria dos segmentos varejistas apresenta nível de vendas abaixo do período pré-pandemia. — Foto: Economia/g1
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Impacto a inflação nas vendas
Entre as oito atividades pesquisadas, seis tiveram retração em setembro, uma teve variação nula e apenas uma teve taxa positiva, mas muito próxima da estabilidade.
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As quedas mais intensas foram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,6%), Móveis e eletrodomésticos (-3,5%), Combustíveis e lubrificantes (-2,6%).
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Já as duas atividades do varejo ampliado registraram queda no mês.
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Veja o desempenho de cada um dos segmentos em setembro, na comparação com agosto:
- Combustíveis e lubrificantes: -2,6%
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -1,5%
- Tecidos, vestuário e calçados: -1,1%
- Móveis e eletrodomésticos: -3,5%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,1%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: 0%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -3,6%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -2,2%
- Veículos, motos, partes e peças: -1,7% (varejo ampliado)
- Material de construção: -1,1% (varejo ampliado)
A atividade de maior peso no índice, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, registrou queda de -1,5% nas vendas.
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Segundo o IBGE, a escalada da inflação foi fator determinante para a queda das vendas em setembro.
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“O componente que joga o volume para baixo é a inflação. As mercadorias subiram de preço. Em combustíveis e lubrificantes, por exemplo, a receita foi -0,1%, totalmente estável, e o volume caiu 2,6%. O mesmo vale para hiper e supermercados, que passa de 0,1% de receita para -1,5% em volume”, explica Santos.
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Segundo o gerente da pesquisa, “artigos farmacêuticos não sobrem tanta pressão inflacionária”, o que contribuiu para que este segmento fosse o único a apresentar taxa positiva no mês, embora próximo da estabilidade.
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Varejo volta a registrar queda no volume de vendas trimestral — Foto: Economia/g1
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Vendas caem em 25 das 27 unidades da federação
De agosto de 2021 para setembro de 2021, as vendas caíram em 25 das 27 unidades da federação, com destaque para as queda de Mato Grosso do Sul (-3,9%), Santa Catarina (-3,6%) e Rio Grande do Norte (-3,4%). Só houve crescimento no Acre (0,4%) e Mato Grosso (0,2%).
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Perspectivas
Após o resultado decepcionante do desempenho do comércio, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reduziu a expectativa de crescimento do setor varejista brasileiro em 2021, de 4,6% para 3,6%.
“As restrições orçamentárias da população, associadas ao quase esgotamento da capacidade de endividamento das pessoas físicas, deverão fazer com que o fluxo de consumidores no varejo contribua marginalmente cada vez menos para o avanço das vendas nos próximos meses”, avaliou a CNC.
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A inflação persistente, a crise hídrica, o desemprego ainda elevado e as elevadas incertezas fiscais e politicas têm piorado as perspectivas para a economia brasileira. O mercado financeiro tem revisado para baixo as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e elevado as estimativas para a inflação e para a taxa básica de juros (Selic).
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A inflação atingiu 10,67% no acumulado em 12 meses até outubro, acima do esperado.
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Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial registrou a 4ª queda seguida em setembro, fechando 3º trimestre com retração de 1,7%.
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A confiança dos empresários registrou leva alta em outubro, mostrando uma acomodação e reforçando a leitura de desaceleração da recuperação da economia, segundo sondagem da FGV.
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A expectativa do mercado financeiro para o crescimento da economia em 2021está atualmente em 4,93%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, após tombo de 4,1% em 2020. Para 2022, a média das projeções está em 1%.
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O mercado projeta atualmente uma Selic em 9,25% ao ano no fim de 2021. Entretanto, para o fim de 2022, os economistas subiram a expectativa para a taxa Selic para 11% ao ano, o que pressupõe crédito mais caro e mais freios para o consumo e investimentos.