O Brasil já soma 77,8 milhões de inadimplentes, 15 milhões a mais que há cinco anos, segundo o Anuário de Cobrança 2025, da fintech de cobrança Monest. No entanto, mesmo em um cenário de alto endividamento, na hora de colocar as contas em dia, nem sempre o que mais pesa é a atual condição financeira. De acordo com o levantamento, o valor da dívida é o principal critério (17,9%) considerado na decisão de não pagar as contas.
Na sequência entre os fatores estão:
- Data de pagamento inadequada (15,5%)
- Condições da oferta (10,1%)
- Falta de dinheiro / não poder pagar à vista (7,3%)
- Juros altos (5,7%)
- Desemprego (4%)
Segundo a pesquisa, o valor médio das dívidas por pessoa é de R$ 6,2 mil, quantia que exige um esforço significativo para ser reorganizada, impactando o orçamento e a capacidade de planejar o futuro financeiro dos inadimplentes.
Thiago Oliveira, fundador da Monest, pontua que sempre parte de um princípio que as pessoas não ficam inadimplentes porque querem, mas, sempre que elas estão inadimplentes, querem sair dessa situação. Por isso ele pondera que o uso da tecnologia para personalizar ofertas pode ajudar a chegar em uma solução.
“Cabe a gente, enquanto mercado, do lado da negociação, utilizar todas as tecnologias, como IA, para entender e personalizar cada jornada para, de fato, conseguir encaixar uma operação financeira que faça sentido para o devedor. E com toda essa análise de dados que temos feito, cada vez mais entendemos que construir algo que funciona para os dois lados é como conseguimos, a longo prazo, devolver a saúde financeira de volta para as pessoas inadimplentes”, diz ele.
A faixa com o maior número de inadimplentes (35,3%) possuía entre de 41 a 65 anos; seguido de 26 a 40 anos (33,9%), acima de 65 anos (19,3%) e 18 a 25 anos (11,4%). Para o levantamento, a Monest analisou mais de 6 milhões de conversas entre uma agente virtual de Inteligência Artificial (IA) que negocia e devedores pelo WhatsApp e telefone.
A maior parte das dívidas são referentes a bancos e cartão de crédito (27,3%). No entanto, mesmo contas básicas, como água e luz, que figuram em segundo lugar representando 20,6% das dívidas, têm 74% dos débitos atrasados há mais de um ano. Na sequência, as dívidas financeiras (19,5%) e de serviços (11,9%).
Por Larissa Maia – Valor



