Em agosto o custo do conjunto de alimentos essenciais no Vale do Ivaí, denominado de Cesta Básica, subiu 3,58% em relação a julho, fechando em R$ 581,57. Em relação ao mesmo período do ano passado houve uma alta de 22,18%, quando o custo da cesta estava em R$ 475,98. Essa pesquisa foi realizada pela equipe econômica da Rádio Jandaia, tendo Viviane Machado como pesquisadora responsável.
Não se deve confundir cesta básica com inflação. A primeira, é composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, e que foram definidos pelo Decreto 399 de 30 de abril de 1938, que continua em vigor. Já a inflação é muito mais abrangente, pois inclui todas as despesas com produtos e serviços que uma família consome durante um mês, incluindo os gastos com alimentação e bebidas, habitação, educação, vestuário, despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais, transportes, comunicações e artigos de residência.
Dos produtos pesquisados em agosto e que compõe a cesta básica, 05 subiram preços, 02 tiveram queda e outros 06 não sofreram alterações. A maior alta foi do tomate (+) 27,97%, seguido da banana nanica (+) 9,12%, leite (+) 7,71%, açúcar refinado (+) 6,52% e da carne bovina (+)) l,49%. Tiveram redução em seus preços o óleo de soja (-) 3,20% e a farinha de trigo (-) 2,95%. Não sofreram alterações de preços no mês o feijão carioca, o arroz agulhinha. A batatinha, o pão francês, o café em pó e a manteiga.
Horas de trabalho para adquirir a Cesta Básica
Conhecido o valor da cesta, é possível efetuar o cálculo das horas que o trabalhador, que ganha salário mínimo, precisa trabalhar para a sua aquisição. Para isso, divide-se o salário mínimo vigente pela jornada de trabalho adotada na Constituição (220 hs/mês, desde outubro de 1 988).
Assim, o trabalhador do Vale do Ivaí que ganhou um salário mínimo (R$ 1.100,00), precisou trabalhar 116,33 horas por mês, apenas para adquirir os produtos da cesta básica, consumindo o equivalente a 57,16% de sua renda líquida.
Salário Mínimo Necessário
A constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, define o salário mínimo como aquele fixado em lei, capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,… (Constituição Federativa do Brasil, art. 7″ – IV).
Para calcular o salário mínimo necessário, considerando o preceito constitucional, e levando-se em conta a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada pelo Dieese, a alimentação representa 35,71% das despesas das famílias. A família considerada para o cálculo é composta por 2 adultos e 2 crianças, que por hipótese, consomem como 1 adulto.
Aplicando-se essa metodologia com base no custo da cesta básica no Vale do Ivaí (R$ 581,57), o valor do salário mínimo necessário para que um trabalhador pudesse sustentar sua família deveria ser de R$ 4.885,77, muito distante da realidade e uma utopia para os nossos dias atuais. O valor é 4.44 vezes o salário em vigor no mês passado, de R$1.100,00. Essa mesma família gastaria R$ 1.744,71 somente com as despesas com alimentação.