O percentual de famílias brasileiras com dívidas caiu em junho, pelo segundo mês seguido, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (7) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar do recuo, 77,3% das famílias ainda têm dívidas – 7,6 ponto percentual acima do mesmo mês de 2021.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a queda no endividamento reflete a melhora no mercado de trabalho. “Com menos restrições impostas pela pandemia e as medidas temporárias de suporte à renda, como saques extraordinários do FGTS, antecipações do 13º salário, INSS e maior valor do Auxílio Brasil, a população precisou apelar menos para os gastos no cartão”.
Inadimplência
A pesquisa mostra que a inadimplência também apresentou queda, com retração de 0,2 ponto percentual na proporção de famílias com contas em atraso para 28,5%. Esta é a primeira queda desde setembro de 2021. A mesma queda foi verificada entre as famílias que afirmam não ter condições de pagar as contas atrasadas, com 10,6% do total.
A responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, explica que a melhora no mercado de trabalho não se reflete no rendimento, pois estão sendo absorvidos trabalhadores com menor nível de escolaridade e o rendimento médio está achatado pela inflação elevada.
“Além disso, o avanço recente da informalidade no emprego é mais um fator que aumenta a volatilidade da renda do trabalho e atrapalha a gestão das finanças pessoais”.
Os dois recortes por faixas de renda apresentaram leve queda na proporção de endividados. Entre as famílias com rendimentos acima de dez salários mínimos, a redução foi de 0,2 ponto percentual (p.p), para 74,2%, enquanto a parcela com ganhos até dez salários mínimos caiu 0,1 p.p, para 78,2%.
Principais dívidas
O cartão de crédito segue como a principal dívida das famílias, atingindo 86,6% (1,9 ponto percentual abaixo do mês anterior).
Veja a lista (os endividados podem ter mais um tipo de dívida):
- Cartão de crédito: 81,8%
- Carnês: 17,5%
- Financiamento de carro: 11,9%
- Crédito pessoal: 10%
- Financiamento de casa: 9,1%
- Cheque especial: 6,3%
- Crédito consignado: 6,8%
- Outras dívidas: 2,1%
- Cheque pré-datado: 1,3%