Puxado pelo maior uso do cartão de crédito, o número de brasileiros endividados bateu novo recorde em abril : 77,7% das famílias brasileiras fecharam o mês com alguma dívida, contra 77,5% em março, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (2) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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Na comparação com abril do ano passado, quando a parcela de endividados correspondia a 67,5% do total, o salto foi de 10,2 pontos percentuais.
A inadimplência também atingiu nova máxima histórica. A proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso passou de 27,8% em março para 28,6% em abril. Em 1 ano, o salto foi de 4,3 pontos percentuais.
A série histórica do levantamento começou em 2010.
Já a fatia de famílias que declarou não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e, portanto, permanecerá inadimplente, chegou a 10,9%, contra 10,8% em março e 10,4% há 1 ano. Trata-se do maior patamar desde dezembro de 2020.
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Na avaliação da CNC, a tendência é que o endividamento se mantenha em alta diante da inflação nas alturas e dos juros de mercado mais elevados.
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“A inflação alta, persistente e disseminada mantém a necessidade de crédito para recomposição da renda, fazendo com que as famílias encontrem nos recursos de terceiros uma saída para a manutenção do nível de consumo”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Dívidas mais comuns
O endividamento no cartão de crédito foi a única modalidade que apresentou aumento em abril, representando 88,8% de famílias com dívidas e revelando que o endividamento está ocorrendo essencialmente no consumo de curto prazo.
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Carnês de lojas (18,2%) e o financiamento automotivo (11,2%) foram os outros principais destaques nas participações no endividamento. Na sequência, aparece o crédito pessoal (9,4%) e ao financiamento de casa (8,3%).
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A proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou principalmente entre os mais pobres. “Os orçamentos mais acirrados têm levado mais famílias a atrasarem o pagamento de contas e dívidas e usarem mais o cartão de crédito, que é a modalidade de dívida para o consumo de curto prazo”, afirma Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa.
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