O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira para a última reunião do ano, que será também a derradeira participação de Roberto Campos Neto à frente da autoridade monetária — a partir de janeiro, Gabriel Galípolo assume o cargo.
A reunião ocorre em meio a recente escalada do dólar. A maior parte das instituições financeiras avalia que o Copom deve elevar a Selic em 0,75 ponto percentual, mas algumas já esperam alta de 1 ponto.
A decepção com o pacote de corte de gastos proposto pelo governo e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos aumentaram a sensação de risco econômico por aqui e no exterior. O resultado foi ainda mais mau humor de investidores com o Brasil e um real em franca desvalorização, chegando à casa dos R$ 6.
O Banco Central já alertava que um cenário pior colocava pressão sobre a inflação brasileira, que demonstrava há meses uma resistência a voltar para a meta de 3%. Em novembro, os membros do comitê haviam elevado a Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. As expectativas agora variam entre 0,75 p.p. e 1 p.p.
A primeira hipótese é a mais provável, de acordo com o boletim Focus desta semana. O relatório reúne as projeções de analistas de mais de 100 instituições, e mostra que a taxa básica de juros deve encerrar o ano em 12%.
Mas há muito analista que espera mais, dado o patamar do câmbio, a força da atividade econômica e a insegurança com a trajetória da dívida pública do país — três injeções de força na inflação. Ainda segundo o Focus, a alta de juros não para por aí, e deve chegar aos 13,5% ao final de 2025.