O Banco Central informou nesta quinta-feira (7) que os saques na caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 5,9 bilhões em setembro deste ano.
Ao todo, segundo a instituição:
- os depósitos totalizaram R$ 308,7 bilhões; e
- os saques, R$ 314,6 bilhões.
Com isso, a saída líquida (diferença entre saques e depósitos) foi de R$ 5,9 bilhões. Quando os depósitos superam as retiradas, há uma entrada líquida de recursos na caderneta de poupança.
A saída líquida de recursos representa a segunda maior da série histórica para meses de setembro, perdendo somente para setembro de 2021, quando a saída foi de R$ 7,7 bilhões.
A série foi iniciada em 1995 e é mantida pelo Banco Central. Os valores são nominais, ou seja, sem atualização pela inflação.
Acumulado do ano
Ainda segundo dados do BC, no acumulado do ano, os saques de recursos da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 91,1 bilhões.
Esse é o maior valor da série histórica para o período. A cifra supera o recorde anterior, registrado nos nove primeiros meses de 2015, quando R$ 53,8 bilhões líquidos foram retirados da poupança.
Ao longo deste ano, a poupança teve apenas um mês com mais entrada do que saída de recursos.
Possíveis motivos
A elevada saída de recursos da poupança em 2022 coincide com a inflação, que chegou à casa de dois dígitos e somente partir de julho deste ano começou a cair, impulsionada pelas medidas de redução de impostos sobre combustíveis e energia elétrica.
Ainda assim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acumula alta de 4,39% de janeiro a agosto. Já nos últimos 12 meses, a alta é de 8,73%. A inflação de setembro será divulgada na próxima semana pelo IBGE.
Outro fator que pode ajudar a explicar a saída de recursos da poupança é a alta da taxa básica de juros, a Selic. A taxa está em 13,75% ao ano, maior juro básico desde dezembro de 2016.
Com isso, a tradicional caderneta de poupança segue com o rendimento travado em 6,17% ao ano + TR (Taxa Referencial), perdendo para outras aplicações de renda fixa.
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) também mostra que o endividamento e inadimplência são os maiores em 12 anos, com 8 em cada 10 famílias com dívidas.