O Banco Central informou nesta segunda-feira (7) que os saques na caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 11 bilhões em outubro.
Ao todo, segundo a instituição:
- os depósitos totalizaram R$ 302 bilhões; e
- os saques, R$ 313 bilhões.
Com isso, a saída líquida (diferença entre saques e depósitos) foi de R$ 11 bilhões, a maior para meses de outubro desde o início da série histórica do BC, que começou em 1995.
Os valores são nominais, ou seja, sem atualização pela inflação.
Em um cenário de endividamento recorde, juros em dois dígitos e renda comprimida, o ano de 2022 tem sido de saques volumosos na poupança. No acumulado até outubro, o saldo negativo é de R$ 102,077 bilhões, quase o dobro da retirada registrada em todo ano de 2015, que, até hoje pior resultado anual da série histórica (-R$ 53,567 bilhões).
Esse é o maior valor da série histórica para o período. A cifra supera o recorde anterior, registrado nos dez primeiros meses de 2015, quando R$ 57 bilhões líquidos foram retirados da poupança.
Ao longo deste ano, a poupança teve apenas um mês com mais entrada do que saída de recursos.
Possíveis motivos
A elevada saída de recursos da poupança em 2022 coincide com a inflação, que chegou à casa de dois dígitos e somente partir de julho deste ano começou a desacelerar, impulsionada pelas medidas de redução de impostos sobre combustíveis e energia elétrica.
Ainda assim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acumula alta de 4,09%, até setembro, e de 7,17%, no acumulado dos últimos 12 meses.
Outro fator que pode ajudar a explicar a saída de recursos da poupança é a alta da taxa básica de juros, a Selic. A taxa está em 13,75% ao ano, maior juro básico desde dezembro de 2016.
Com isso, a tradicional caderneta de poupança segue com o rendimento travado em 6,17% ao ano + TR (Taxa Referencial), perdendo para outras aplicações de renda fixa.
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) também mostra que o endividamento e inadimplência são os maiores em 12 anos, com 8 em cada 10 famílias com dívidas.